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Anatomia da Palavra

Albert Einstein (1879-1955)

Outubro 27, 2023

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«Quero saber como Deus criou o mundo.Não estou interessado neste ou naquele fenómeno. Quero conhecer os pensamentos d'Ele; o resto são detalhes.»

Einstein dedicou a vida a procurar compreender os princípios básicos do funcionamento do Universo, como ninguém alguma vez tentara antes. A sua construção teórica revolucionou a física, mas abalou também a própria filosofia pelo modo como pôs em causa conceitos há muito tidos como eternos. O mais influente físico depois de Newton, Einstein forneceu também, pela sua imagem rebelde e pela sua personalidade independente, o arquétipo do cientista moderno. A sua «revolução» começou em 1906, com a publicação de vários trabalhos, incluindo a teoria da relatividade, em que postulava uma velocidade constante para a luz (c), independentemente do meio onde se projectava, e, em consequência, a equivalência entre a massa (m) ea energia (E), através da mais famosa equação dos tempos modernos: E=mc, um passo teórico decisivo para a construção da bomba atómica. Nascido na Alemanha, trabalhou na Suíça e, sendo judeu, emigrou para os EUA para fugir ao nazismo. Pressionou o Governo americano para ser o primeiro a construir a bomba atómica, mas depois de 1945 lutou arduamente contra a proliferação das armas nucleares. Prémio Nobel da Física em 1922.

dividir para odiar

Outubro 20, 2023

Graças às redes sociais as guerras fazem-se no plano da opinião pública. Esta tornou-se numa disputa entre Ocidente e o mundo Árabe, entre esquerda e direita, entre pró e anti-americanos. Estamos a ser empurrados para escolher lados, com enormes prejuízos para a paz, para a Palestina, e para o Ocidente, que verá uma radicalização islâmica dentro das suas fronteiras. A manipulação da informação é brutal, e joga-se tudo no reforço da polarização.

O Dilema da Mudança e a Busca por Soluções de Compromisso

Outubro 19, 2023

Todo o mundo é composto de mudança, sabemos, e o conservadorismo é, muitas vezes, o medo ou ansiedade pela falência de um mundo ou de um estado de coisas favoráveis ou, ao menos, estáveis o q.b. Todavia, a mudança sempre foi a tensão entre o que permanece e o que se reforma, a rutura que emerge na continuidade. Mas entre a suave mudança há a revolução, aquela rutura que rasga as vestes da história e pretende uma nova alvorada. Mas entre as brumas da revolução há sempre algo que fica.

Hoje, em consequência da polarização e da emergência das chamadas “guerras culturais”, num mundo em que se misturam as batalhas pós-materiais ligadas às identidades com as pós-pós-materiais (geradas pela crise de abrandamento, estagnação e baixo crescimento das últimas décadas), vivemos a apologia da reforma do mundo, apresentada sob duas perspetivas radicalmente opostas: de um lado uma esquerda intelectual ultraprogressista e revolucionária, que considera que o mundo deve ser totalmente reformado, expurgando da sociedade qualquer marca de crenças, valores, códigos de conduta ou outra, vendo na ideia de tradição uma forma de opressão, e de outro uma direita ultraconservadora, radical e populista que entende que o mundo avançou em demasia em direção ao progressismo e às causas das minorias, desejando uma reforma retrospetiva em direção a uma imagem irreal de uma sociedade de pessoas de bem, tementes a Deus e heterossexuais, onde os valores tradicionais do “antigamente” são sagrados e inderrogáveis.

Mas há ainda uma vasta população que espera soluções de compromisso, mudança com estabilidade, políticas sociais e liberdade, com base no Estado de direito democrático, e são essas que, em primeiro lugar, não podem ser defraudadas para que em segunda fase se recuperem as que se perderem para as “soluções” radicais.

© fotografia

O desafio de Ventura a Montenegro

Outubro 16, 2023

André Ventura afirmou que se não ficar à frente do BE e PCP nas Europeias se demitirá e exorta Montenegro a fazer o mesmo caso o PSD não fique à frente do PS. A estratégia é bem montada, porque visa afastar o atual líder «laranja» no intuito de fazer voltar Passos Coelho, com quem acredita chegar a um entendimento governativo, até porque o PSD de PPC terá maior rejeição popular e estará mais dependente do CH. É, no entanto, uma jogada arriscada, porque aposta num desgaste do PS que pode não ser tão expressivo quanto um medo do CH.

Brasil das guerras culturais

Setembro 25, 2023

O Brasil é, hoje, o exemplo mais completo da afirmação definitiva das guerras culturais como paradigma da vida política. Num país com índices de pobreza, fome, exclusão social e económica elevadíssimos, as batalhas voltaram-se para as questões morais, com uma luta intensa ao casamento homoafetivo, usando a Bíblia como instrumento e derrogando a separação de poderes e a laicidade.

Esvaziar a democracia

Setembro 25, 2023

Descredibilizar os partidos, os oponentes, esvaziar espaços políticos, fazer da política um espetáculo de ofensas, agir em função da visibilidade mediática, esvazia a democracia, e ao fazer isso oferece à população a ansiedade por uma liderança carismática e não-democrática/liberal-social.

a teoria é sempre relativa

Setembro 14, 2023

Pode ser uma imagem de 1 pessoa e texto que diz "OPINIÃO X Hoje há um esquecimento intencional de que as teorias têm vocação para serem refutadas. A palavra "crítica" presente na teoria crítica de ou z, não está lá por enfeite ou para se referir a uma atitude de mero ataque ao mundo em que vivemos, é crítica porque reflexiva e não um dogma científico para efeitos políticos."

A teoria é um instrumento de tradução dos fenómenos, um mapa para entender e analisar a realidade. Em ciências sociais, sobretudo, tem a limitação do olhar, da ideologia, dos seus fazedores, embora sujeitos treinados. No entanto, o próprio treino é um condicionamento do olhar. Se durante demasiado tempo tivemos um olhar preso ao etnocentrismo ocidental, ao patriarcado judaico-cristão e a sua visão supremacista cultural, a teoria crítica revolucionou a ciência ao oferecer um olhar desconstruído e descolonial. No entanto, ao se estabilizar como cânone teórico, foi perdendo o seu sentido de revisão para se tornar num dogma teórico que determina o campo da ação política, de modo essencialista. O que é uma enorme pena.

da identidade de género

Setembro 10, 2023

Pode ser uma imagem de 2 pessoas e texto que diz "TRANSIDENTIDADE "O que interessa é que OS jovens estejam felizes. Porque a genitália tem de ser um problema na sociedade? Ο foco está em ajudá los a terem maior qualidade de vida" mas nem sempre é simples, sobretudo quando surgem crianças com quatro anos"
Não tenho problemas com a questão da identidade de género, e percebo a argumentação teórica de que o género é uma construção social, até porque, como já referi antes, há povos africanos onde a idade do corpo é mais importante do que a genitália, ou seja, é a idade que determina os papéis sociais, além de que o feminino e o masculino são papéis negociados e não plásticos.
Contudo, tenho reservas quanto ao modelo sócio-teórico em que vivemos, no qual o que se sente é sempre uma verdade incontestável e um dado adquirido. Por isso, não me opondo à mudança de identidade de género e a cirurgias de transformação biológica, defendo que estas devem acontecer numa fase adiantada da adolescência [o caso adquire contornos diferentes quando se manifesta em idade infantil], após profundo acompanhamento e avaliação psicológica. Não pode ser uma decisão de impulso, dado o problema de sérias consequências físicas numa possível reversão e não pode a família ser excluída do processo – nos EUA nos pais são forçados a aceitar o processo.
É impensável que seja mais fácil mudar de sexo biológico do que realizar um aborto.
Retomo: não tendo objeção ao procedimento, defendo que tem de ser feito com a máxima garantia de que se trata de uma decisão consciente, informada, maturada, e não de um impulso resultante de uma sensação que pode ser transitória sobre si mesmo. Não podemos passar da classificação como patologia à aceitação inquestionável. A identidade de género, a transidentidade, é um processo de autoconhecimento e isso não é feito com leveza, nem por impulso de ser trendy.

setembro

Setembro 02, 2023

As primeiras chuvas apressadas de Outono. Os dias mais curtos, mas ainda com cheiro de Verão. As primeiras mantas na cama e os últimos mergulhos. A promessa de um novo recomeço, as mochilas e cadernos. As memórias de escola. Setembro de mil datas pessoais. Setembro, sê bem-vindo.

O beijo e o exibicionismo moral

Agosto 31, 2023

O caso Rubiales tem sido explorado até à exaustão, explicitando um cruzamento entre machismo tóxico e exibição moral. Rubiales esteve muito mal, sobre isso não há a menor dúvida, manifestando uma cultura de impunidade e toxicidade masculina próprias de uma sociedade patriarcal. Por outro lado, o caso terá sido explorado ostensivamente pela imprensa, sobretudo por arrasto de um exibicionismo moral levado a cabo por puritanistas de uma nova ordem, alimentados pelo ego da exibição em praça pública.

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Anatomia da Palavra é um blogue de João Ferreira Dias, escrito segundo o Acordo Ortográfico, de publicação avulsa e temática livre. | No ar desde 2013, inicialmente sob o título A Morada dos Dias Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.

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Informação

João Ferreira Dias é Investigador do Centro de Estudos Internacionais do ISCTE, no Grupo Instituições, Governação e Relações Internacionais. Interessado por Direitos Fundamentais, Teoria Política e do Estado, Direito Constitucional, e Antropologia Religiosa.