Quando os políticos se fecham em circuitos próprios perdem a ligação ao chamado “país real”. Existem boas razões políticas e de matéria para que o PS considere um chumbo orçamental, mas no final devem ponderar a percepção pública, a qual, julgo, não será simpática com os socialistas. Vindo de oito anos de governo, um chumbo pode bem ser lido como “querer voltar ao tacho”.
É verdade que tal permite ao Chega afirmar que os dois partidos do centro são iguais, estão de conluio e a única alternativa real é aquele partido. Mas o CH terá sempre algo para dizer, nomeadamente que o PS chumbou o orçamento porque quer “poleiro” e é irresponsável, e que a única alternativa é o Chega. Tanto faz, portanto, porque o CH pode usar sempre a mesma estratégia.
Quanto ao PS, então, pode bem abster-se e deixar o CH com a responsabilidade (que já disse que tudo fará para evitar uma crise política), permitindo encaminhar-se para a votação na especialidade.