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A escola desempenha um papel determinante no combate às desigualdades sociais e económicas, sendo, muitas vezes, o único lugar onde as crianças e jovens em situações carenciadas obtêm uma refeição decente. No entanto, esse papel, em várias autarquias, foi exercido de forma suficiente durante o anterior confinamento, tendo sido possível levantar as refeições diariamente. É preciso ter presente, na análise à necessidade vs viabilidade de encerramento dos estabelecimentos de ensino, que um número muito elevado de crianças está diariamente com os avós, sendo estes quem os vai levar e buscar à escola, e com quem ficam até à noite, ou mesmo toda a semana. Essa situação já acarreta, por si, um risco elevado, porque muitos pais continuam e continuarão a depender desse apoio familiar. O que me parece evidente é que sabendo que os casos aumentariam exponencialmente com a flexibilização das festas de fim de ano e com a chegada do frio, poder-se-ia ter a) antecipado o começo das aulas em Setembro, b) alargado o período letivo até finais de Junho, começo de Julho, c) suspenso as férias da Páscoa, de forma a garantir que em Janeiro as escolas estariam encerradas. Isto porque apesar de todos os cuidados, tem havido surtos de casos nas escolas, os quais se tornam cadeias de transmissão difíceis de controlar – uma família não tem possibilidade de colocar uma criança em isolamento e a mesma pode ser assintomática, o que transporta uma falsa sensação de segurança para o núcleo familiar e relacional da criança.
Assim, fechar as escolas nos termos do confinamento geral anterior é insustentável (com exceção para o ensino universitário, nomeadamente o privado). Todavia, encerrar como período de férias e retomar o regular funcionamento posterior é, ainda, possível.